13 de jul. de 2010

Lendas do Recife

Olá pessoal!
Como estão as férias de vocês? Tão bom acordar e saber que não tem nada para fazer de urgente!
Na ultima quarta-feira aconteceu um treinamento na cachaçaria carvalhera, sobre vendas e marketing realizado pela Secretaria de Turismo do Recife. Estávamos voltando eu, Mayra e o Silvio, todos estagiários da prefeitura, quando conversavamos e refletiamos sobre Recife, falando em suas pontes, eu lembrei de uma história bem interessante, "A Emparedada da Rua Nova". Alguém conhece?
Bem, decidi pesquisar mais sobre o assunto e vou compartilhar aqui. Vejam se curtem!



Esquecida pelo tempo
18/10/2009 por Correio Recifense

Crimes bárbaros como, por exemplo, o da menina Isabela, viraram notícia em todo o país. Mas será que a repercussão seria a mesma se este crime fosse realizado no final de século XIX? E será que, daqui há 120 anos as pessoas ainda vão lembrar do caso da garota que foi jogada do sexto andar de um prédio?

Na terça-feira, 25 de maio de 1886, o Diário de Pernambuco (DP) publicava uma notícia sobre um novo romance intitulado Tragédias do Recife, onde fatos dramáticos e reais ocorridos na cidade, que já estavam esquecidos, eram relatados. Deste fascículo, seriam feitas semanalmente publicações no folhetim do Jornal Pequeno, entre os anos de 1909 e 1912. Dentre as histórias, estava uma que seria tão trágica quanto a de Isabela, tamanha a crueldade. O crime também sugeria o pai da vítima como principal suspeito.

Foi o fundador e primeiro presidente da Academia Pernambucana de Letras, Carneiro Vilela, quem escreveu os capítulos da trágica história da Emparedada da Rua Nova. Segundo ele, Clotildes era uma das mais belas moças do Recife e namorava o estudante de medicina Leandro Dantas, que era amante da sua mãe, Dona Josefina. Filha única do comendador Jaime Favaes, a jovem Clotilde não podia imaginar que o seu romance terminaria em tragédia.

Favaes descobriu a traição da sua mulher e que sua filha estava grávida do mesmo rapaz. Indignado por sua família passar por tamanha vergonha, o comendador começou a articular uma forma de se vingar de Leandro. Com a ajuda de um conhecido seu, o Hermínio, apelidado de Zarolho, Favaes marcou um encontro com Leandro no Engenho Suaçuna, em Jaboatão, fazendo-se passar por Dona Josefina. No local, o rapaz foi morto com uma facada.

O DP, em 23 de fevereiro de 1864, publicou uma notícia revelando que as autoridades policiais haviam achado um corpo em Jaboatão no sábado (20), às 17h, com todas as características de Leandro, descritas por Vilela em seu romance. Segundo dizia o Jornal, a polícia enterrou o corpo no mesmo lugar que foi encontrado, sem fazer as perícias necessárias.

A jovem, sabendo da crueldade do pai, o acusou pelo assassinato do amado. Começavam assim os conflitos entre pai e filha. O sobrinho de Favaes, João Paulo, que sempre fora apaixonado por Clotilde, sugere ao tio casar-se com a jovem e assumir a paternidade da criança. Mas a moça não aceita. Enfurecido, o pai tranca a filha no quarto e vai atrás de Zarolho.

Ao voltar, dispensa os empregados da casa e seguem até um casebre, no bairro dos Coelhos. Lá encontraram um pedreiro. Vendam o homem e o seqüestram. Voltam até o sobrado na Rua Nova onde, num pátio interno, já estava no chão um corpo enrolado em um lençol branco. Era a bela jovem que havia sido agredida e encontrava-se desmaiada.

Foi arancada a venda dos olhos do pedreiro e o comendador mandou que ele abrisse um buraco na parede para colocar o corpo. O trabalhador não tinha escolha, se não o fizesse seria morto também. A jovem grávida ainda estava viva quando foi emparedada no sobrado da Rua Nova. O pedreiro foi até a delegacia prestar queixa contra o comendador, mas a autoridade policial disse que Favaes era uma pessoa acima de quaisquer suspeitas e que tudo era fantasia do trabalhador. E foi assim que um dos mais bárbaros crimes aconteceu no Recife, de acordo com o escritor Carneiro Vilela.

Porém, será que o crime não era fruto da imaginação do autor? Os moradores mais velhos da cidade afirmam que o crime realmente aconteceu. “Minha mãe já me contava esta história, um crime verdadeiro que assombrou a cidade na época”, diz a aposentada Lucir Bastos.

Mas são poucos os recifenses que conhecem a história da Emparedada. Procurados para relatarem se conheciam o crime, os comerciantes da tradicional Rua Nova dizem nunca ter ouvido falar no caso. “Isto é lenda”, revela o vendedor de sapatos, Antonio Soares. Lenda ou não, o relato existe. Tantos anos após o crime ter sido relatado, a Rua Nova esconde quaisquer vestígios do caso. A história é muito antiga, então as pessoas tendem a esquecer e o tempo a esconder as provas. Morador do centro do Recife desde moço, o aposentado Etizel de Aguiar diz que as lendas no Recife sempre assustaram as pessoas. “Quando uma era esquecida, as pessoas logo descobriam outra para se amedrontar”. O senhor Etizel nasceu 20 anos após a última publicação no folhetim sobre o caso, mas diz que ainda muito jovem ouviu falar da história. “As pessoas dizem que aconteceu, mas eu não sei se acredito”, confessa.

Há muitos anos os recifenses se envolvem com as lendas criadas. Às vezes elas surgem de algo concreto e às vezes são totalmente imaginativas. Mas sempre assombram por um tempo e depois são esquecidas.

Segundo a psicóloga Cecília Melo, é natural do ser humano esquecer de ações que não o fragilizou mental e emocionalmente. “Se o fato acontece com a família ou alguém próximo da pessoa é diferente, fica marcado pelo resto da vida, por isso as lendas vão embora com o tempo”. O caso da Emparedada da Rua Nova pode não ser conhecido ou lembrado por muitas pessoas, mas está documentado e ainda sobreviverá por bastante tempo no livro de Vilela.

Por Luciana Amorim


By: Uan_

2 comentários:

Isabela disse...

Olá!

Sou apaixonada pela temática lendas do Recife... e é um assunto que deveria voltar a ser explorado...

Aproveito a deixa pra divulgar um espetáculo relacionado:

" O Amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas"
O espetáculo O Amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas entra em cartaz no Teatro Capiba. A peça é uma adaptação do clássico pernambucano A Emparedada da Rua Nova para a estética do Circo-Teatro.

O Amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas foi vencedor do Prêmio Miriam Muniz de Incentivo às artes cênicas, do governo federal. O espetáculo estará em cartaz nos fins de semana de julho, aos sábados e domingos, às 19h, com ingressos a preços populares.

Informações:
O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas
Sábados e Domingos – Teatro Capiba - SESC Casa Amarela
Rua Professor José dos Anjos, 1109, Casa Amarela
R$ 10,00 (inteira)
R$ 5,00 (meia)

Ana Aquino disse...

Oque aconteceu com a mãe dela a dona Josefina por favor me responda???!!